sábado, 24 de setembro de 2011

Tamanduá-bandeira

Atenção: nenhum isoptero foi ferido durante a noite. Mas um minuto de silêncio pelo boi.



Acredito que todos gostem de viver aquelas dias diferentes. Sair da rotina, curtir um pouco, viajar. Eu particularmente adoro. E foi com esse intuito que peguei a estrada com meus amigos Kareen e João, junto com meus amiguinhos Sofia e Arthur rumo a Feira de Santana, na quarta-feira passada. A desculpa era pegar o carro no conserto e um cinema, mas acabamos num passeio turístico pelo Feira VI, onde fui convidado a provar um delicioso cupim, no tradicional Quatro Estações. Aos detalhes:

Geral: O Quatro Estações é um bar tradicionalmente freqüentado por estudantes. Gerações deles, pelo que soube. Alguns grandes amigos meus já haviam comentado a respeito, e me senti bastante saudosista no local, lembrando de momentos que não vivi, sentindo a presença de Carla e Ronaldo comigo. Era dia de jogo e o ambiente estava bastante barulhento. Mas não se enganem: é aquele barulho gostoso que afasta os maus espíritos. A energia circulando no ar é jovem e fresca. O ambiente é relativamente grande e as mesas se amontoam. Ótima pedida se você busca encontrar amigos ou encontrar aquela pessoa que sempre esteve de olho, mas nunca teve coragem de chegar junto. O atendimento foi eficiente e a garçonete, fardada, simpática. Menos simpático é o cartaz com as regras do recinto, afixado nas grades como papiros romanos. Contudo, devo admitir que as regras são sensatas e a situação engraçada. Dá mais um toque folclórico ao bar.

Higiene: Não pude averiguar a fundo esse quesito. A comida parecia bem, principalmente a carne, que obviamente precisa ser preparada na hora. A salada me deixou um pouco receoso, confesso, os tomates estavam bem maduros, o que de uma maneira geral é bom, mas o cheiro e o aspecto me preocuparam um pouco. Todos os garçons usavam toca e eu torci para que na cozinha também!

A comida: O prato principal foi o famoso cupim! A carne é grelhada, salvo engano, e não assada. Sendo assim, a consistência estava mais firme do que no churrasco. Quem me conhece sabe como sou fresco pra gordura e nervos na carne. Quando criança não comia cupim justamente por conta da gordura entranhada. Mas nesse caso não houve problema algum, muito pelo contrário! Consegui comer toda a peça sem dispensar nada. A textura dava para mastigar lindamente, a gordura derretia na boca e o sabor estava excelente. A carne estava suculenta, cheirosa e o sal corretíssimo. Quando chegou a mesa, soltando aqueles vapores, a salivação foi intensa. Apesar da porção generosa, comeria mais e mais, só de gula. Quem iria gostar muito também é o meu pai, que me ensinou a saborear um bom cupim.

Acompanhamento: A carne vem acompanhada de feijão tropeiro, arroz branco e vinagrete. O feijão estava bem gostoso, assim como a salada de tomates bem maduros e um pouco de coentro, que gosto bastante. O arroz, bem, é o arroz. Tudo é servido em pequenas cumbucas. Pela quantidade reduzida de acompanhamento, percebe-se que é um prato para aperitivo. Mas daqueles aperitivos reforçados, que sustentam muitas rodadas de cerveja sem perder a pose.

Preço: Olha, quando a porção de cupim chegou à mesa me surpreendi. A quantidade é bem generosa. Comeram, na classe, três adultos e as crianças petiscaram um pouquinho. Pedimos também mais umas porções de feijão, não tenho certeza se entraram na conta. Achei o preço bem razoável, ainda mais se for naquele esquema que falei: um prato pra segurar a onda e tome-lhe cerveja! Principalmente na segunda-feira, dia em que esta bebida é dobrada. E o ambiente pede, ainda mais no conhecido calor de Feira de Santana.

Até o próximo encontro! Não deixem de comentar.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Me gusta malagueta, me gusta tu


                Não é segredo pra ninguém a minha reverência as plantas, esses seres fantásticos que colonizaram o planeta antes de qualquer animal, possibilitando a vida na terra como se conhece hoje. Sempre me sinto em casa andando em ambientes repletos delas. Into the wild. No dia a dia da cozinha, elas estão sempre presentes. Um grupo particularmente poderoso delas é o das ervas. Utilizadas há milênios na magia e/ou medicina além da culinária por todas as civilizações que conheço, elas não falham. Por isso digo e reafirmo: é um SACRILÉGIO substituí-las por temperos prontos! Recentemente plantei alguns exemplares na minha casa, e compartilho com vocês para que conheçam suas muitas propriedades. Todo poder as ervas!



Alecrim: Erva comum na região do Mediterrâneo, onde recebeu o nome de rosmarinus: orvalho do mar, em latim. Planta do elemento fogo, regida pelo Sol, é a erva da purificação, em todos os sentidos. Dentre seus benefícios a saúde destacam-se seu poder estimulante e antiespasmódico. Sua ingestão estimula a produção da bílis, o que ajuda na digestão de gorduras. Como tem propriedades anticépticas, auxilia na cicatrização. É ainda eficiente no combate a reumatismos articulares. Contudo, mulheres em lactação ou gestação devem evitar o consumo, pois esta erva estimula a menstruação (emenagoga). A rainha Elizabeth da Hungria, no século XIV, anota em seu Livro das Horas seu poder de rejuvenescimento, obtido através de uma receita, segundo ela, enviada por um anjo em forma de ermitão. A quem interessar possa, a Água da rainha da Hungria, como foi conhecida e utilizada por séculos, é feita extraindo-se a essência das flores do alecrim, destiladas e fermentadas com mel.
Em magia é uma planta extremamente poderosa e versátil. Como incenso, é utilizada em várias religiões para purificação. Está ligada também a fidelidade, amor e lembranças felizes. Por isso pode-se tomar como chá para reaver o ânimo perdido, muito indicado inclusive antes de provas para manter a mente alerta. Dizem que tocar a pessoa amada com um ramo atrai amor eterno. Na antiguidade, queimava-se alecrim nas piras funerárias para que os espíritos encontrassem serenidade durante a jornada. Pode ainda ser utilizada embaixo do travesseiro, por exemplo, como proteção contra maus sonhos. 



Orégano: Planta do elemento vento, regida por Mercúrio. Este nome abarca uma série de espécies do gênero Origanum, muitas delas originárias do Mediterrâneo. Seu nome remete ao grego e significaria “alegria da montanha”, pois acreditavam que tinha o poder de trazer felicidade. Não, não tem nada a ver com os vários trocadilhos com Cannabis, porque de fato o orégano não é alucinógeno. Apesar disso, é muito útil pra saúde. Para começar, é um poderoso antioxidante, já que contém uma concentração elevada de flavonóides e taninos. Além de reforçar as defesas do organismo, tem ação antimicrobiana para algumas cepas, sendo utilizado inclusive na conservação dos alimentos. Auxilia a digestão e abre o apetite. É também expectorante (da mesma família da menta). Foi utilizado por Hipocrates, o pai da medicina, como anticéptico. Estimula o suor e conseguinte eliminação de toxinas do organismo. Na aromaterapia é utilizado como relaxante, portanto ajuda no tratamento da dor, insônia e estresse. É ainda indicado em casos de anemia.
                Na Umbanda, a defumação com orégano é indicada no caso de limpezas espirituais. Fazer um chá com orégano e lavar com ele as paredes/muros da casa cria uma barreira contra energia negativa. Se quiser evitar o molhaceiro, simplesmente plante alguns pés no jardim ou pendure alguns ramos sobre a porta. Fora isso, tem o poder de trazer felicidade, paz, harmonia, tranqüilidade e, portanto, sabedoria. Esses efeitos são anulados quando utilizado no preparo de alimentos que contenham carne. Uma curiosidade é que os agricultores gregos cobriam as cabeças dos recém casados com coroas de orégano para desejar-lhes alegria no casamento. 

A família reunida. Em gestação tomate e agrião.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Krill




Hoje deveria postar sobre algum prato feito por mim. Mas cedo eu descobri que meus planos são nada, comparados a realidade. E foi assim que parei hoje em uma outra degustação, novamente comendo fora. Fomos ao Absinto, comer um prato que está em promoção nas terças e quintas: camarão crocante. Sim, mais camarão! Já estou me sentindo uma baleia azul, nadando num oceano repleto de krill. Não tenho do que reclamar. Vamos aos detalhes,

Geral: Passei algumas vezes no Absinto a caminho do Meu Cravo e estava rolando música ao vivo. O lugar é bastante grande, como uma larga varanda. A decoração é agradável, mas básica. Nada nesse quesito me chamou especialmente atenção. Existe ainda um parquinho para crianças e um sushi-bar anexo, pelo que pude entender. Vi de relance por uma porta entreaberta um outro ambiente interno, mas não tenho maiores informações a respeito. Seria para eventos particulares? Ah! Para quem não quer perder a novela, há duas TVs grandes, sintonizadas na Globo, não é mesmo Ronaldinho?
Os garçons são bem profissionais, sem muito papo. Todos uniformizados e, algo que me chamou atenção, todos homens, enquanto no Meu Cravo são todas mulheres! Isso sem dúvida causa uma diferença sensível no atendimento.

Higiene: Não pude inspecionar mais de perto esse quesito. Como um cliente normal, apenas recebi o prato. A cozinha estava distante. Uma pena... Mas aparentemente todo o ambiente é bastante organizado e higiênico. Suponho que não há problema nesse sentido.

A comida: O prato pedido foi camarão crocante. Ele está em promoção as terças e quintas, acompanhado por uma bebida dobrada: cerveja Bohemia ou caipirinha.
Realmente é uma porção muito generosa (500g, segundo o cartaz). Duas pessoas comem pra se fartar.
A crocância é verdadeira, ajudada pela casca do camarão (do tipo cinza). Os primeiros que peguei estavam levemente salgados, mas no decorrer essa impressão passou. O sabor não me chamou atenção, achei bem simples. Gosto muito de camarão, então pra mim valeu a pena, mas não tinha aquele “tchan!”.

Acompanhamento: A apresentação dos pratos é muito bem cuidada, enche os olhos. Os camarões foram servidos com um molho a base de maionese, molho de pimenta e um mísero quarto de limão + mísera folha de alface + mísera rodela de tomate. Tudo muito bonito em uma bandeja de madeira.
O molho de maionese não combina com o prato, em minha opinião. É enjoativo e não diz a que veio. Já o molho de pimenta estava suave e perfumado o suficiente para acompanhar o prato, sendo esse o meu acompanhamento preferido. O limão, tadinho, caia bem, mas a quantidade não deu pra regar um oitavo dos camarões.
Como é promoção, a caipirinha é uma boa pedida. Quase acompanhamento oficial. Achei bastante forte. O sabor em si não é especial, muito pelo contrário. Mas é linda! Vem com guarda-chuva e tudo o mais.
Enfim, aconselho que seja degustado na happy hour. No final da tarde, pra acompanhar uma bebida (cerveja ou caipirinha).
ATENÇÃO! Nas terças a Bohemia é dobrada! Já nas quintas, aí sim, a caipirinha!



Preço: O cardápio é inexplicavelmente caro. Dei uma olhada geral nos preços e não gostei. Fora isso, a promoção é generosa, no que diz respeito aos camarões e a bebida do dia.

Até a próxima, quando ... bem, quando sabe-se lá o que vou comer! Lembro que comentários sempre são bem vindos.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Assassinaram o camarão







Antes de qualquer coisa, preciso admitir que esse post me pegou meio de surpresa. Hoje pretendia falar de um prato que estou prestes a preparar, mas manterei em segredo.
Mas os caminhos me levaram hoje ao já conhecido Restaurante da Esquina. O chamo assim porque não existe uma fachada com o nome. É um estabelecimento branco-com-uma-faixa-verde na esquina da minha casa, num lugar chamado Pulo do Bode, em Cruz das Almas, Bahia. Bem, vamos aos detalhes,

Geral: É um lugar simples, bem iluminado e arejado. O atendimento é familiar, e o que me agradou logo de cara foi que as pessoas se comunicam. Quero dizer, grupos diferentes se cumprimentam e interagem. Os garçons são absolutamente espontâneos e o atendimento me agradou, ressaltando sua simplicidade.

Higiene: O aspecto é um pouco desorganizado, incluindo a limpeza. Mas a comida pareceu bem higienizada, fresca e de aspecto saudável. Lembro de ter jantando um feijão recém preparado outro dia, dava pra ouvir o chiado na cozinha.

A comida: Como das outras vezes, a salada é sempre a mesma (tomate verde e repolho crus). Acho uma pena, mas não estou certo seus outros frequentadores se importam.
O prato de hoje foi bobó de camarão, que, segundo meu amigo Ronaldo, veio com mais camarão do que da ultima vez. O bobó segue um conselho que quem entende de marisco conhece: combina com abóbora. A leveza da textura e adocicado casam muito bem com o camarão. Esse tem tamanho suficiente e é servido com casca, coisa que até prefiro, pois acentua o sabor e dá alguma crocância. O tempero é suave e o sal está no ponto. Muito saboroso e leve! Acompanha um bom vinho branco, jovem, de uma cabernet blanc, por exemplo. Ou mesmo a chardonnay, mas mais frutado e ácido (abacaxi, maracujá, damasco, maçã verde). Ah! Mas não se iludam, foi acompanhado por uma boa Skol!

Acompanhamentos: Não sou fã de arroz, mas lá estava ele. Soltinho e sem graça. Acompanhado da tal salada de tomate e repolho e, a melhor parte, uma porção de vatapá. Resumindo: poderia ser melhor. Mas ganhamos uma porção extra de carne para uma amiga que (pasmem!) não gosta de camarão. Não é Cleiziane?
Ah! Hoje provei o molho de lá, até então só tinham me servido aquela pimenta industrializada. Excelente! Forte e saboroso. 

Preço: Bastante acessível. Cada porção de bobó (foram duas) custou R$ 12,00. Uma porção dá para duas pessoas sem tanta fome, ou uma pessoa desesperada, como eu.


Minha amiga Cleizy Ann, por trás das câmeras. Eu e Rô, esperando o próximo prato.


Abraços! Na próxima alguma coisa que eu mesmo vou cozinhar.
I